quinta-feira, 19 de março de 2015

Semana da Leitura


E Não é que o P G-M voltou?

Perguntar-me-ão o motivo da admiração, uma vez que já não é novidade. O escritor Pedro Guilherme-Moreira, a 17 de março, terça-feira da Semana da Leitura, o famoso P G-M, que já é da casa, voltou a visitar-nos. Veio pela terceira vez falar com os nossos alunos. Porquê, então, a admiração? Porque foi avisado na semana anterior e, mesmo assim, veio. Por isso gostamos tanto dele. Vem sempre.
Apresentado, como também já é hábito, pela professora Rosário Ferreira, com um texto de fazer inveja a muito escrevinhador que por aí anda, esta falou-nos da obra de P G-M com a autoridade de quem sabe ler e não apenas soletrar palavras. A seguir, como é da praxe, falou o próprio, sempre com a boa disposição do costume, facto que não é de todo irrelevante, dado que consegue, quase instantaneamente, que a malta saia da modorra e daquela coisa de “que chatice, lá vamos nós ouvir mais um chato só porque a professora quer”. E, também para não variar, P G-M veio com uma surpresa para os alunos, sempre sobre livros, claro, mas sempre, e sobretudo, sobre eles e para eles. Desta vez não distribuiu prémios, travestiu-se de ilusionista e tirou da cartola o nome de alguns dos presentes. Sabedor das suas particularidades (mistério!), transformou-os em protótipos, ou seja, falou deles para falar dos muitos como eles. Porque, como ele próprio o disse, “somos todos iguais”, deixando propositadamente de lado o cliché “embora todos diferentes”. A rapaziada aderiu e divertiu-se. Mas mais importante do que isso, prestou atenção, proeza que sabemos não ser fácil. Tanto que não tenho qualquer dúvida de que na próxima avaliação realizada no âmbito da leitura contratual, muitos irão escolher uma obra de P G-M. Vão escolher porque vão querer ler. E fazê-los querer ler é tudo o que nós queremos, para que, como disse o nosso escritor, eles (e nós todos) não fiquemos “a olhar para os nossos telemóveis, submersos como peixes (…) a olhar para a nossa própria cabeça como se não existisse mais nada”. E até lhes fez um pedido, a propósito das vidas, das vidinhas, das deles e das nossas: “A vossa, entre quinze e vinte anos, vai agora acelerar e vão ser mais as perdas do que os ganhos de pessoas. Nos livros, vão por mim, vingam-se dessa perda e dessa aceleração. Será pedir muito, então, além de levarem um carimbo da manhã de hoje para a vossa vida, que me façam o que devem fazer a todos os escritores e todos os livros? Pegar em nós e ler-nos um parágrafo…”
Tudo isto e muito, muito mais, tinha o texto que P G-M nos ofereceu e que leu, e também como de costume, em modo TGV, não porque ele tivesse pressa (eu até suspeito que se pudesse, ele ficava lá com os miúdos o dia todo), mas porque é assim que ele lê, de forma frenética e convicta, como é tudo o que diz ou que escreve. Chegada a hora das perguntas, não se escusa a responder, ainda que a questão colocada seja estereotipada. Dá-lhe a volta porque, como também afirmou no seu texto “Todas as dúvidas são legítimas, absolutamente todas, e não há uma única mão que eu não possa agarrar”.
Haveria mais para dizer? Haver, havia, mas neste momento só me ocorre mais uma das tiradas do Pedro Guilherme-Moreira: “Há sempre um bom livro para despertar o mais lerdo e passivo dos leitores. Acreditem.”.

                                                         Conceição Pires, professora colaboradora da BE

 
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