Ao longo do mês de janeiro, os diferentes parceiros do projeto "My online audio library", trabalharam colaborativamente na elaboração de três histórias tradicionais. Partindo do início clássico das histórias, os alunos foram convidados a dar continuidade às mesmas, tendo em conta a criação de cada parceiro. O resultado final encontra-se compilado nas histórias que agora podem ler.
Cinderela
Era uma vez um homem rico cuja esposa estava doente, e
quando ela sentiu que o seu fim se aproximava, chamou a sua única filha para se
aproximar de sua cama e disse:
-
Querida filha, seja piedosa e boa, e Deus sempre cuidará
de ti, e eu olharei para ti do céu e estarei contigo.
E, então, fechou os olhos e pereceu. A donzela ia todos
os dias ao túmulo de sua mãe e chorava, e sempre foi piedosa e boa. Quando o
inverno chegou, a neve cobriu a sepultura com um manto branco, e quando o sol
veio no início da primavera e a derreteu, o seu pai tomou para si outra esposa.
A nova esposa trouxe duas filhas com ela…No início, a
donzela sentiu-se feliz porque teria amigas para lhe fazer companhia, mas elas
não eram como a jovem donzela esperava.
A madrasta não
gostava dela e tratava-a como uma criada, logo que o marido saía para
trabalhar. A jovem limpava a casa, passava as roupas das filhas da sua madrasta
e cozinhava durante todo o dia. Ela estava triste e desesperada. Perdera
recentemente a mãe e tornou-se prisioneira na sua própria casa, tendo um fardo
de tarefas domésticas a seu cargo. Quando o seu pai voltou para casa, a madrasta
e as suas filhas eram simpáticas com ela, e o seu pai acreditava que todas se
davam bem.
A jovem teve que encontrar uma maneira de se livrar
dessas pessoas, mas não queria magoar o seu pai. Queria falar com os seus
amigos, mas sua madrasta não permitia que ela saísse para se encontrar com os
amigos ou conhecer outras pessoas.
Ela não aguentava mais a tortura. Como poderia ser salva?
Pensou que não tinha outra escolha e começou a fazer planos para fugir. Mas
para onde iria? Lembrou-se da sua tia Mary, que morava na cidade, a poucos quilómetros
de sua casa. A última vez que ela a vira fora no funeral de sua mãe. A sua tia aceitá-la-ia?
Ela não sabia rigorosamente o que pensar. No entanto, arriscou tudo e começou a
preparar um plano para escapar. A casa de sua tia era longe para ir a pé e
levaria, por isso, pelo menos cinco dias. Em segredo, começou a esconder, todos
os dias, metade da sua comida. Para além disso, também colocou o casaco velho e
o pente de cabelo de sua mãe, num saco. Acrescentou uma pequena faca para o
caso de se sentirem perigo. Ao fim de uma semana, tinha já tudo o que precisava
para partir. Agora, era esperar o momento certo para fugir de casa. O melhor
momento seria quando o seu pai saía para o trabalho, pois a madrasta e as suas meias-irmãs
saíam e andavam a passear até que viesse a noite. Isso dar-lhe-ia tempo que
precisava. Sim, ela estava determinada...nem conseguia dormir de alegria
enquanto pensava que era sua última noite naquela casa. Porém, acabou por
adormecer, não preparando o café da manhã como era habitual. A madrasta,
desconfiada da situação, entrou no quarto com raiva, e disse-lhe:
-
Levante-se, preguiçosa, prepare o café da manhã!
Quando a madrasta chutou a cama da menina, viu a bolsa
debaixo da cama. Imediatamente, percebeu o plano de Cinderela para escapar. Ela
ficou furiosa! Atirou, então, a bolsa da jovem pela janela, arrastou-a para o
sótão e trancou a porta.
-
Vais ficar aí algum tempo, para que possas voltar a ti. –
disse a madrasta.
Cinderela ficou desolada e chorou muito. Virou-se para o
céu e disse:
-
Por que razão tudo me corre tão mal? Mãe, por favor, ajude-me!
Naquele momento, uma luz refletiu, vindo de um velho baú.
Ela abriu-o e encontrou uma caixa. Ficou mais animada e, com as mãos trémulas,
abriu-a. Dentro da caixa, encontrou um bilhete e uma chave. Cinderela não podia
acreditar nos seus olhos!
Ficou tão espantada com o conteúdo da caixa que foi
esconder os itens dentro do sótão, onde ninguém os procuraria.
Cinderela ficou trancada no sótão durante duas noites,
mas fazia todas as tarefas domésticas, e o seu pai não imaginava o que a sua esposa
estava a fazer com a sua infeliz filha.
Um dia, a madrasta e as suas duas filhas saíram para
comprar vestidos para o baile, que o príncipe iria dar, para escolher s sua
futura esposa. Cinderela passou a tarde a tentar descobrir o que poderia fazer
com aquela chave. Como estava sozinha em casa, remexeu a casa inteira, mas não
conseguiu encontrar a fechadura da chave. Até que entrou no quarto de sua mãe,
sentou-se no chão, com lágrimas nos olhos, dizendo: "Por que razão nada dá
certo para mim? Por favor, mãe, ajude-me!
Então, no fundo da sala, a fada madrinha apareceu,
brilhante e cintilante, deslumbrando os olhos de Cinderela e disse:
- Eu sou a solução
para os teus problemas, e estou aqui para te ajudar!
Cinderela,
surpresa, limitou-se a segui-la. A sua expressão mostrava bem que ela ainda
estava em choque!
Cinderela foi levada para o fundo da sala pela fada
madrinha, que pediu que ela tirasse a única foto de família restante e visse o
que estava por trás dela. Cinderela viu um cadeado e aproveitou para o
experimentar. Destrancou o cofre e encontrou um lindo vestido de sua mãe. Tirou-o
e colocou-o à frente, enquanto uma lágrima escorria pelo seu rosto,
lembrando-se da altura em que a mãe o estava a usar…nos dias em que eles eram
felizes!
Cinderela ouviu um barulho e percebeu que elas tinham
chegado a casa! Ela tropeçou no seu vestido, mas rapidamente pegou nela e agiu
como se nada tivesse acontecido.
A madrasta gritou pelo seu nome e Cinderela desceu
rapidamente. As irmãs estavam eufóricas e histéricas, pois tinham comprado o
vestido que sonhavam levar ao baile. Cinderela perguntou à madrasta se podia ir
com as irmãs ao baile, e a madrasta respondeu com uma risada maldosa:
-
Tu, com esses trapos, só nos humilharias! Cinderela, cada
um é como é, e tu não pertences àquele lugar!
Destruída, mas convencida de que iria ao baile, começou-se
a preparar para o grande momento.
Cinderela falava com a sua fada madrinha todos os dias,
assim que a sua madrasta e as suas duas irmãs saíam de casa, no entanto, continuou
a fazer o papel o seu papel.
No grande dia, as suas irmãs estavam preocupadas em se
preparar para o baile e Cinderela foi ajudá-las. Os preparativos foram
emocionantes e estressantes para as irmãs. A madrasta estava convencida de que
uma de suas filhas seria escolhida pelo príncipe para se casar...
Cinderela começou-se a preparar, apesar da sua madrasta
não o permitir. De repente, a madrasta chamou-a e insistiu que ela não poderia
ir ao baile, já que não fazia parte daquele mundo. Só, então, a madrasta reparou
que Cinderela estava com um vestido diferente, o que a deixou furiosa:
- Por que razão estás a usar esse vestido barato?! Achas
que podes ir ao baile? Ninguém te deixará entrar com essa roupa! O que estás à
espera para ir trabalhar? Hoje, a casa só foi limpa duas vezes!
Cinderela ficou desolada com as
palavras da madrasta e disse:
- Madrasta, por favor, deixe-me ir. É o
meu sonho e costurei o velho vestido da minha mãe.
Eu quero
muito ir ao baile.
A madrasta ficou ainda mais zangada e derramou a tinta da
mesa no vestido da Cinderela e expulsou-a da sala. Vendo o vestido manchado, as
suas irmãs começaram a rir e a dizer o quão feio era aquele vestido. Cinderela
não aguentou, e subiu para o quarto a chorar.
As suas irmãs entraram na carruagem sem se importar com
Cinderela. Antes da sua madrasta sair, trancou a porta para que Cinderela não
fugisse.
A fada madrinha,
que vira tudo o que tinha acontecido, não suportou o choro da Cinderela e
perguntou:
- O que posso fazer para te ajudar?
Cinderela disse-lhe
que ficaria muito grata se encontrasse uma carruagem puxada por cavalos para
poder ir ao baile. A fada madrinha ficou feliz em conceder-lhe esse desejo. Transformou
um conjunto de abóboras numa carruagem e os ratos transformaram-se em cavalos.
Havia uma condição para que pudesse ir ao baile: às 24h Cinderela já não poderia
estar no palácio, pois o feitiço desapareceria. Cinderela agradeceu a fada madrinha
e colocou a roupa com a tinta na sua bolsa. Depois, entrou na carruagem e partiu.
Havia apenas um alfaiate no baile. Era o alfaiate real.
Quando ela se dirigiu ao alfaiate, encontrou um homem alto e bonito e contou-lhe
que a tinta tinha sido derramada no seu vestido e precisava da sua ajuda. O
jovem colocou o vestido numa água especial e começou a pintá-lo. Enquanto
esperava, perguntou a Cinderela porque é que ela ia ao baile. Cinderela, explicou-lhe
que a sua madrasta não lhe dera um vestido para ir ao baile, mas com o vestido
da sua mãe criara o vestido dos seus sonhos. Cinderela, explicou-lhe que o seu
verdadeiro sonho era fazer roupas para as pessoas. O jovem alfaiate
respondeu-lhe, alegremente, que o seu sonho também era costurar. O assunto
continuou e eles contaram quase tudo um ao outro. Estavam tão bem que Cinderela
não percebeu que já passava das 24h. Quando foi até à porta para sair, viu que
a carruagem se tinha transformado numa abóbora podre. Preocupada por não poder
voltar para casa, Cinderela explicou a situação ao jovem, que respondeu:
-Não te preocupes, na verdade eu queria
vir aqui para costurar roupas porque sou o príncipe Balodal. Se quiseres, posso-te
levar a casa.
Surpresa com o que ouviu, Cinderela agradeceu ao príncipe
pela gentil oferta, subiram juntos na carruagem e partiram.
A sua madrasta ficou estupefacta quando viu Cinderela a chegar
acompanhada do príncipe. As suas irmãs começaram a gritar uma com a outra com
ciúmes. Cinderela disse à madrasta que se ia casar com o príncipe.
Dois dias depois, realizou-se o casamento do príncipe e
Cinderela que se prolongou por quarenta dias e quarenta noites. À exceção da
sua madrasta, todas as pessoas acolheram esse casamento com alegria.
Cinderela e o príncipe abriram uma alfaiataria e viveram
felizes para sempre.
Três maçãs caíram do céu, uma para alguém que está a ler esta história, outra para alguém que não desiste dos seus sonhos e a última para alguém que tem um bom coração.
HANSEL E GRETEL
Perto de uma grande floresta vivia um pobre lenhador, a sua
esposa e os seus dois filhos. O nome do menino era Hansel e a menina Gretel.
Eles tinham muito pouco para comer e, uma vez, quando havia grande escassez na
terra, o seu pai não conseguia ganhar para lhes dar o pão de cada dia. Uma
noite, deitado na cama, pensava nisso, virava-se e revirava-se, e, suspirando
pesadamente, disse à esposa:
-
O que será de nós? Não nos conseguimos alimentar a nós e
aos nossos filhos.
-
Sabes, há um orfanato no fim da floresta. Vamos lá deixar
as crianças? Pelo menos não vão morrer de fome. Além disso, podemos ir
busca-las quando estivermos melhor. – sugeriu a esposa
O lenhador pensou naquelas palavras e, ainda que
desesperado, decidiu que essa era a melhor solução.
O orfanato era um prédio alto e imponente no final da
floresta. Eram vários os rumores sobre o orfanato. Dizia-se que a diretora era
muito má, (era, na verdade, uma bruxa). Ela roubava o riso às crianças com os seus
poderes, e parecia sempre feliz. Já as crianças do orfanato pareciam sempre tristes.
Comentava-se que algumas famílias não conseguiam encontrar os seus filhos
quando os iam buscar.
Claro, os pais de Hansel e Gretel não acreditaram em nada
do que ouviram e, no dia seguinte, o lenhador contou aos filhos a sua decisão. Disse-lhes
que os iria buscar logo que a situação económica melhorasse. Os dois irmãos ficaram muito tristes. Não
queriam ser abandonados pelos seus pais. Mas também perceberam que não havia
nada que pudessem fazer, por isso partiram com o pai, levando poucos pertences
próprios.
Quando chegaram ao orfanato com o seu pai, depararam-se
com um prédio muito velho, em ruínas. Os jovens ficaram assustados e esconderam-se
atrás do pai. Quando este bateu à porta, a diretora do orfanato recebeu-os. O
seu pai disse-lhes que os amava e que voltaria para os levar. Abraçou os dois e
afastou-se. Hansel olhou à sua volta e percebeu que os rumores sobre o orfanato
eram verdadeiros, mas não disse nada a Gretel. Os irmãos abraçaram-se com medo.
Seguiram a diretora silenciosamente pelo longo corredor escuro. Depois, a
diretora destrancou uma porta enferrujada, e a visão sinistra do dormitório
apareceu diante das crianças.
O dormitório estava vazio e frio, mas tinha vestígios das
outras crianças. Pegadas enlameadas no chão, rachaduras nas paredes, marcas de
mãos e lençóis sujos foram as primeiras coisas que chamaram a sua atenção.
Apontando para a cama no canto mais distante, a diretora disse a Gretel:
- Vai para aquela cama e espera lá! - Saiu e levou Hansel. Depois de se sentar
ansiosamente na beirada da cama durante algum tempo, Gretel ouviu vozes vindas
do exterior. Abriu a porta e começou a ouvir as vozes que vinham da sala
oposta.
A diretora estava a gritar e Hansel chorava e suspirava. Após
algum tempo, a diretora saiu da sala com Hansel, mas havia algo estranho...
Hansel estava muito infeliz. Gretel perguntou-lhe o que se tinha passado, mas
Hansel não respondia. A diretora gritou virada para eles:
-Vão para o refeitório imediatamente!
Eles notaram que havia
muitas crianças no refeitório. Mas um menino chamou a atenção deles. Gretel perguntou-lhe:
- Ei, como te chamas?
- Mark.
- Quando chegaste cá?
- Há muito tempo...
Mark parou de falar. Gretel notou os seus olhos vidrados
e estava determinada a descobrir o que havia de errado com aquele orfanato.
Tanto Gretel quanto Hansel tiveram uma ideia para
convencer Mark a dizer algo mais sobre o que se passava e como ele se sentia. Então,
convidaram-no para o seu quarto naquela noite para poderem conversar em
segredo. Mark parecia um pouco apavorado, mas aceitou aparecer.
Sentaram-se no sofá, na escuridão, e Mark sentiu-se
bastante seguro para revelar a verdade. Ele sussurrou:
- Olhem, temos de encontrar uma maneira
de fugir deste lugar. A diretora é uma bruxa que hipnotiza todas as crianças
para que fiquem extremamente infelizes. Na verdade, elas sentem-se deprimidas e
isso faz com que a diretora controle as suas emoções. Ela sabe que, assim, a
verdade não será divulgada porque todos estavam tristes e não falavam com
ninguém. Gretel quase gritou e acrescentou:
- É por isso que Hansel está tão
estranho, mas como conseguiste ficar normal?
Mark respondeu que
fingiu ter sido hipnotizado e, na verdade, não dormiu durante uns momentos e
ela não conseguiu usar a sua 'magia'.
Eles pegaram numa folha de papel e num lápis para
desenhar um possível plano de fuga, pois Mark tinha mencionado que havia
algumas portas misteriosas que poderiam levar à saída. De repente, a diretora
apareceu na porta e gritou:
- Que diabos vocês estão aqui a fazer?
As crianças estavam congeladas. A bruxa imediatamente
pegou os papéis e começou a rir com a sua voz rouca, enquanto dizia:
- Bem, bem, bem... olhem para estas
baratas que querem fugir!
Os seus olhos estavam cheios de raiva:
- Nunca mais pensem nisso ou vão acabar
onde os outros terminaram.
Mais tarde, ela fechou
os olhos e quando começou a sussurrar algumas palavras mágicas as crianças
começaram a sentir a tristeza a cobrir as suas almas. A bruxa levou-as para uma
cripta onde não havia nada além de escuridão. A bruxa estava a castigá-los.
Eles estavam com medo, e mantinham-se em silêncio, até que uma carta veio do
nada. Imediatamente, abriram-na: "Fiquem calmos e esperem até amanhã à
noite, eu vou-vos levar até à primeira porta."
Com o passar do tempo, as crianças ficaram curiosas e
impacientes. Mais tarde, uma chave de ouro brilhante apareceu na mão de um mago
encapuchado. De repente, elas estavam à frente de uma porta adornada com
cristais. O mago deixou-lhes um mapa que levava a uma esfera que elas precisavam
encontrar. As crianças avançaram e derrotaram criaturas de grandes garras e
dentes afiados que iam aparecendo no seu caminho. Finalmente, encontraram a
esfera, depois de todos os perigos que tinham passado. Quando tocaram na esfera,
uma enorme quantidade de luz saiu e brilhou sobre eles. Foi mágico! Eles saíram
do novo portão e encontraram a bruxa à sua espera. Com a esfera nas suas mãos,
elas eram suficientemente poderosas para lutar contra ela. Mas elas não
entendiam quem era aquele mago, nem qual o motivo para ele as ter ajudado. O
que iriam fazer agora? Tantas perguntas e tão pouco tempo!
As três crianças tentaram usar a esfera
para lutar contra a bruxa, mas precisavam de uma palavra mágica. De repente, o
mago apareceu e ajudou-as. Graças à esfera, as crianças transformaram a bruxa
em estátua e a abandonaram-na porão do orfanato. Uma vez que a bruxa foi
eliminada, Hansel, Gretel e Mark ficaram felizes novamente, e o mago livrou-se
do feitiço e revelou a sua identidade.
Quando as três crianças o viram, ficaram
surpresas porque o mago era o cozinheiro da cantina. Elas levaram a esfera com
elas e voltaram para casa pela floresta. Os pais de Hansel e Gretel ficaram
muito surpresos ao ver os seus filhos e perguntaram-lhes como tinham conseguido
chegar a casa. Eles contaram a aventura que tinham acabado de viver e o poder que
tinha aquela esfera.
E assim, as crianças, junto com o seu amigo Mark e os seus
pais, viveram felizes para sempre, sem se preocupar com dinheiro.
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A menina dos fósforos
Estava tão terrivelmente frio. A neve estava a cair, e
estava a escurecer. A noite chegou, a última noite do ano. No frio e na
penumbra, uma pobre menina, de cabeça descoberta e descalça, caminhava pelas
ruas. Claro que quando ela saiu de casa estava de chinelos, mas para que
serviram? Eram chinelos muito grandes, grandes demais para ela, pois pertenciam
a sua mãe. A menina tinha-os perdido ao correr pela estrada, onde duas
carruagens passaram excessivamente rápidas.
Um dos chinelos nunca mais o conseguiu encontrar, e um
menino fugiu com o outro, dizendo que poderia usá-lo, um dia, como berço,
quando tivesse os seus filhos. E, assim, a menina andou com os pés descalços,
que iam ficando muito vermelhos e azuis de frio. Com um avental velho,
carregava vários pacotes de fósforos e uma caixa deles na mão. Ninguém comprou
nada durante todo o dia, e ninguém lhe deu um cêntimo.
Ela aconchegou-se num beco e acendeu um fósforo para
aquecer as mãos. E…de repente, a porta ao lado dela abriu-se, apagando o
fósforo.
- Estás com frio,
minha querida? - disse uma velhinha parada na porta. A menina assentiu e a
velha convidou-a para a sua casa, para se aquecer junto ao fogo. A menina notou
que havia algo de errado com a mulher, mas correu rapidamente para a lareira
para se aquecer.
- Sabes, tu podes
morar aqui comigo se quiseres… - disse a senhora - Mas tudo tem um preço e
acontece que eu preciso de algo que tu tens. - a mulher apontou para a caixa de
fósforos.
- Porquê? -
perguntou a menina.
- Tu não sabes o
que são? - a mulher estava confusa. - essas caixas têm poder. Elas podem-te dar
o que quiseres!
Mas a menina não queria dar sua caixa, e
tentou escondê-la. A velha enfureceu-se, e transformou-se numa bruxa malvada.
- Se não mas entregares, tornar-te-ei minha escrava para sempre!
- De modo nenhum! - gritou! Então, abriu a caixa e
acendeu um fósforo, embora não soubesse o que iria acontecer. A lareira à sua frente
transformou-se num túnel e a menina começou a correr...
Ao entrar no túnel, entrou num livro mágico! Viu apenas
um caminho, e decidir correr. Algum tempo depois, estava exausta e teve de
parar de correr. Começou a olhar à sua volta. De repente, sentiu que algo
estava a puxar o seu vestido. Olhou para baixo e viu uma criatura. Tinha um
corpo e rosto estranhos, com orelhas e cauda de cachorro e, estranhamente,
tinha asas.
Primeiro, a menina assustou-se e começou
a andar para trás, mas percebeu que a criatura era muito amigável e decidiu
acariciá-la. De repente, a criatura começou a falar com a menina:
- Olá pequena
humana. Chamo-me Cookie. Não precisas de te preocupar! Porque estás com pressa?
Como te chamas?
- Podes falar? -
perguntou a menina.
- Ah, é um prazer conhecer-te.
De repente, ela ouviu uma voz atrás de
si. Era a bruxa malvada que estava na floresta escura, no final da estrada.
A menina dos fósforos e o Cookie fugiram e já estavam cansados
ao tentar afastar-se da bruxa. Estranhamente, eles viram uma casa abandonada no
meio da floresta e decidiram entrar. Assim que o fizeram, ouviram um som
terrível! De onde vinha o som? Um espantalho assustador correu em direção à menina
dos fósforos que, de imediato, acendeu um fósforo e o espantalho transformou-se
em humano. Começaram, então, a falar:
- Salvaste-me do cativeiro, menina. A bruxa
malvada transformou-me num espantalho. Mas agora estou salvo, graças a ti. Em
que te posso ajudar?
- Isso não
importa. Gostava que se juntasse à nossa batalha contra a bruxa má.
- Com todo o prazer.
Claro que ajudo.
- Obrigado.
Eles decidiram passar a noite na casa abandonada. No meio
da noite, enquanto todos dormiam, a bruxa malvada entrou sorrateiramente na
casa. Ela queria atacar a menina dos fósforos primeiro, mas Cookie cheirou-a e
gritou. Todos acordaram amedrontados. Enquanto a menina dos fósforos tirava os
fósforos do bolso, a bruxa malvada atacou…
O fósforo apagou-se e a
bruxa roubou-lhe a caixa da mão. Com um grito, a menina baixou-se a um canto, à
procura de Cookie. A bruxa aproximou-se, acendeu um fósforo, enquanto a menina,
assustada, cerrava os olhos, pois, à luz do fósforo aceso, a bruxa parecia
assustadora. Mas quando ela se baixou para agarrar a menina, ela apagou o
fósforo, e a bruxa transformou-se em cinzas! De repente, a casa transformou-se num
jardim verde, acima do qual o sol brilhava alegremente e os pássaros cantavam.
Ao lado da menina, espantada, estava sentado um menino loiro assustado.
-
Quem és tu? – perguntou a menina.
- Eu
sou o Cookie! A bruxa malvada transformou-me numa criatura estranha, mas agora
estou em casa, este é o jardim dos meus pais. Queres ficar connosco? Para meus
pais, serás uma filha muito desejada, pois salvaste-me!
Assim, a menina encontrou um lar com
pessoas calorosas, onde viveu uma eterna infância feliz…E o senhor que fora
transformado em espantalho? Ah! Claro que também regressou à sua casa, onde
encontrou a sua família que ficou muito feliz com o seu regresso.
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