Visita ao museu do Holocausto - Porto
No passado dia 26 de janeiro, realizou-se uma visita de estudo ao
Porto, mais concretamente ao Museu do Holocausto, visto que no dia seguinte, dia
27 de janeiro, se celebra o Dia Internacional em Memória das Vítimas do
Holocausto.
A visita iniciou-se perto das 11h, numa sala onde a guia nos
contextualizou sobre o Holocausto. Conseguimos perceber que a Segunda Guerra Mundial
provocou um genocídio de 5 700 000 judeus, já que estes eram vistos como uma
ameaça à “Super Raça” (a raça ariana). Os judeus do Ocidente eram bastante
cultos e isso era uma ameaça tremenda àqueles que queriam impor os seus ideais.
Estes frequentavam universidades, trabalhavam na banca e participavam nas
forças armadas. As escolas religiosas judaicas chamadas de yeshiva eram
frequentadas pelos mais jovens. Os judeus encontravam-se espalhados por todos
os continentes e eram totalmente contra a raça ariana, sendo esta uma das
razões para que ocorressem campanhas oficiais contra os judeus tais como:
“Libertem-se do dinheiro judaico” “Alemães libertem-se do judeu”. O ódio aos
judeus levou à própria invasão da União Soviética que os nacionais-socialistas
consideravam de “base racial judaica” e “um antro de judeus”, apesar de as
populações judaicas estarem submetidas a perseguições constantes por outros
regimes totalitários e ateístas.
Foi possível compreender que não eram só os judeus que eram
deportados para os campos de concentrção, pessoas com necessidades motoras ou
psicológicas, homossexuais e negros também eram imediatamente deportados. Para
além disso, mesmo aqueles que tivessem características da raça ariana (olhos
claros e cabelos loiros) eram deportados para os campos, caso fossem judeus.
Um dos campos de concentração mais conhecidos é o de Auschwitz, na Polónia e foi na segunda sala que vimos uma projeção do campo, bem como o letreiro que se encontra à entrada que nos diz “O trabalho liberta”, como é possível observar na imagem abaixo.
Fonte: RTP, https://media.rtp.pt/antena3/ouvir/visita-guiada-ao-museu-do-holocausto-no-porto/
Foi também nesta sala que percebemos que este campo de
concentração é do tamanho de 140 campos de futebol juntos. Foram, então,
estabelecidos três campos de concentração: Auschwitz I, onde se encontra a
placa presente na imagem e era um campo de trabalho; Auschwitz II (também
conhecido por Auschwitz-Birkenau) campo de extermínio; Auschwitz III (também
conhecido por Auschwitz-Monowitz), também campo de trabalho.
De seguida, passamos por um corredor com a representação das camas presentes nos dormitórios dos campos bem como algumas imagens da época.
E, após observarmos estas imagens e as camas, entrámos numa sala que homenageia as vítimas do Holocausto onde o diretor do museu, Michael Rothwell, fez um pequeno discurso, com todos os alunos à sua volta. Este contou-nos um pouco sobre a história da sua família, conseguindo comover os presentes, ao afirmar que os seus avós maternos estiveram em Auschwitz, onde foram assassinados. A emoção cresceu bastante nesse momento, bem como quando nos disse que tinha visitado o campo, na semana anterior. Procedeu, então, ao acender da chama, em memória das vítimas e pediu um minuto de silêncio, para que pudéssemos refletir sobre todos os horrores que ocorreram nos campos.
Após toda esta breve cerimónia, mas extremamente emotiva, seguimos
para dois corredores onde aprendemos um pouco mais sobre aquilo que
ocorreu.
Entre 1933-1939 ocorreram, por toda a Alemanha, ataques
organizados contra os judeus. Seguem-se anos de pavor para os judeus que foram
vítimas de constante perseguição, violência e discriminação de modo a que a predominância
da raça ariana ocorresse. Na noite de 9 para 10 de novembro de 1938 seguiu-se a
tão famosa “Noite de Cristal” (assim conhecida devido aos vidros das montras
espalhados pelas ruas devido à destruição), onde as tropas de assalto levaram a
cabo uma campanha coordenada de vandalismo, incêndios, roubos e assassinatos.
Foram destruídas 1000 sinagogas, 7500 lojas e 30 000 judeus foram enviados para
os campos de concentração.
Portugal conservou uma neutralidade face à guerra, evitando a invasão alemã e conseguindo receber 50 000 refugiados. Ao longo do corredor, observámos as suas fichas, que nos indicavam o país de origem, o nome, a data de chegada, a rua onde moravam, entre outras informações. Segundo o arquivo, na sinagoga do Porto, entre 1940 e abril de 1941, chegaram refugiados da Bélgica, da França e do Luxemburgo. Os refugiados eram de todas as classes sociais, entre os 25-64 anos de idade sendo: polacos (maioritariamente), belgas, holandeses, franceses, austríacos, entre outras nacionalidades. O seu sonho era chegar aos Estados Unidos da América, porém acabaram por ser conduzidos para a América de Sul.
Fichas dos refugiados no lado esquerdo
Fonte: Museu do Holocausto, https://www.mhporto.com/pt/visi
Em 1939, a Alemanha e a União Soviética tinham os exércitos mais
poderosos da Europa e, portanto, estes assinaram um pacto e invadiram a
Polónia. Cerca de 1 500 000 judeus ficaram sob o domínio totalitário e racista
da Alemanha e 1 200 000 ficaram sob o domínio totalitário e ateísta soviético.
Hitler dizia que os judeus tinham criado o comunismo e controlavam a URSS.
Traindo o pacto estabelecido com Estaline, a Alemanha invade a União Soviética
em junho de 1941.
Após a invasão da Polónia pelos alemães, os judeus são
concentrados em guetos, vivendo em condições desumanas. Membros das unidades
especiais das SS (organização paramilitar ligada ao Partido
Nacional-Socialista) humilhavam os judeus castigando-os com espancamentos,
destruição de sinagogas e humilhações. Os judeus eram obrigados a trabalhar
utilizando uma roupa cozida com a “estrela de David” (símbolo do judaísmo).
Na Polónia e na União Soviética foram estabelecidos, pelos alemães,
pelo menos 1 000 guetos, sendo o maior na Polónia, em Varsóvia, onde foram
colocados mais de 400 000 judeus numa área de 3.3 quilómetros quadrados.
O plano nacional-socialista para exterminar o povo judeu
iniciou-se em 1941 durante a invasão alemã à União Soviética. Os métodos
iniciais, que consistia em fuzilamento e câmaras móveis de gás venenoso, foram
considerados lentos e pouco eficazes, já para não falar do cansaço físico e
stress que provocava nos assassinos. Após a Conferência de Wannsee, em janeiro
de 1942, os nazis deram início à deportação sistemática por toda a Europa
levando-os para seis campos de extermínio, sendo um deles o de Auschwitz-Birkenau.
Estes campos de morte foram criados, principalmente, para eliminar os judeus.
No inverno de 1944/1945, os exércitos do Terceiro Reich começaram
a sofrer derrotas na linha da frente ocidental e o chefe das SS, Heinrich
Himmler, proibiu que os prisioneiros caíssem vivos nas mãos dos Aliados e,
portanto, massas de gente esfomeada foram obrigadas a caminhar durante dias e
semanas até tombarem, nas chamadas Marchas da Morte.
A Alemanha acaba por ser invadida a ocidente e a oriente. Adolf
Hitler suicida-se e o país rende-se a 8 de maio de 1945. Muitos documentos,
corpos e edifícios foram destruídos e queimados de modo a que o mundo não
pudesse saber da tragédia que ocorria nos campos. A ocidente, as tropas
britânicas e americanas chegam aos campos na primavera de 1945, onde encontram
cenários de destruição, cheios de cadáveres, e dezenas de milhares à beira da
morte.
O Holocausto exterminou cerca de 6 milhões de judeus, ⅔ da
população judaica total que existia antes da Guerra. Mais de 2 milhões de
judeus conseguiram fugir para outros países. No final da Guerra, 250.000
sobreviventes enfrentaram a árdua tarefa de reconstruir as suas vidas.
Apesar de já terem passado 79 anos desde o fim da Segunda Guerra,
o Museu fez um apelo ao mundo atual, alertando para o ódio do Holocausto que
está vivo. A Anti-Defamation League recolheu dados que nos indicam que o ódio
aos judeus ainda ocorre na Europa e em Portugal. Os judeus são acusados de
deter o controlo dos negócios mundiais, a responsabilidade pela maioria das
guerras, de não se preocuparem com os outros povos, entre outros fatores.
O antissemitismo está presente na política atual de muitos países
e, portanto, muitos grupos nacionalistas e identitários consideram que os
judeus são estrangeiros indesejados, imigrantes especuladores.
Por último, visualizámos um vídeo de uma sobrevivente do
Holocausto e confessou toda a tristeza e melancolia que sentiu ao saber que
toda a sua família tinha morrido. Descreveu o horror que permanecia no campo e,
através da sua voz, era notório o impacto que toda esta situação teve nela,
sendo este um momento bastante comovente.
Foi, sem dúvida, uma experiência que permitiu conhecer mais sobre
o Holocausto, e permitiu emocionar bastante os presentes. Agora, basta impedir
que momentos trágicos que ficam para a História da Humanidade não sejam
esquecidos de modo a que todos tenham acesso à tragédia da época para,
consequentemente, evitar que desastres humanos como este voltem a ocorrer.
Fonte: Museu do Holocausto,
https://www.mhporto.com/pt/visits
Maria Ribeiro e Martina Guimarães, do 11LH2
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